A chia (Salvia hispanica L.) é uma planta herbácea da família das lamiáceas, da
qual também fazem parte o linho e a sálvia, tanto que é conhecida com "salvia
hispânica". Originária do México, suas sementes já eram utilizadas como alimento
pelos povos das civilizações da América Central há muitos séculos. A importância
do consumo desta semente tem sido reforçada por especialistas em nutrição
humana, uma vez que nela são encontrados ácidos graxos poli-insaturados
essenciais, fibras, proteínas e outros nutrientes. Mas a fama notória da chia foi
conquistada graças aos seus efeitos sobre a dieta, pois a semente é capaz de
favorecer o emagrecimento. Consumi-la significa colher uma lista de benefícios,
que incluem desde regular as taxas de colesterol sanguíneo até fortalecer o
sistema imunológico.
A chia pode ser facilmente consumida junto a saladas ou na mistura de sucos e
vitaminas, além de outras receitas, na quantidade de duas colheres de sopa, que
equivale a 25 gramas. Ela contém alto teor de ácidos graxos poli-insaturados
essenciais, tipos de gorduras consideradas benéficas ao organismo, sendo rica
em ácido graxo alfa-linolênico, também conhecido como ômega 3.
Ela também contém carboidratos considerados de baixo índice glicêmico, pois
aproximadamente 34,4% da porção de 100 g da semente é composta por fibras
alimentares. Por fim, a semente ainda contém compostos fenólicos sendo
considerada uma fonte natural de antioxidantes. Entre eles estão o ácido
cafeico e ácido clorogênico.
Sua semente é considerada como uma boa fonte proteica por possuir um alto
teor de proteínas, sendo em sua maior parte aminoácidos essenciais, ou seja,
aqueles que não são produzidos pelo nosso organismo (isoleucina, leucina, lisina,
metionina, fenilalanina, treonina, triptofano, valina e histidina). Para se ter uma
ideia, precisamos consumir cerca de 50 gramas de proteínas todos os dias de
acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), considerando
uma dieta de 2 mil calorias diárias. Isso significa que 25 gramas de chia contém
8% da proteína que precisamos em um único dia.
Mas a chia transborda mesmo em quantidade de fibras, duas colheres de chia
contêm 8,6 g delas. Como temos que consumir 25 gramas dessas substâncias ao
dia, isso quer dizer que uma porção tem 34% das fibras de que precisamos
diariamente! Veja qual porcentagem do Valor Diário* de alguns nutrientes ela
também carrega:
32% de magnésio
16% de zinco
15% de cálcio
13% do ferro
13% de vitamina B3 (niacina)
12% de vitamina B1 (tiamina)
3% de vitamina B2 (riboflavina).
* Valores Diários de referência para adultos com base em uma dieta de 2.000
kcal ou 8.400 kJ. Seus valores diários podem ser maiores ou menores
dependendo de suas necessidades energéticas.
Ajuda a emagrecer: um dos motivos que fazem da chia uma grande aliada na
perda de peso está na sensação de saciedade que a semente proporciona. Suas
fibras têm a capacidade de absorver muita água, transformando-se em uma
espécie de gel. É só fazer o teste, deixando uma porção de molho num copo para
perceber a semente inchando em pouco tempo. Quando é ingerida, a reação é
semelhante. Em contato com os sucos gástricos, suas fibras se transformam
nesse gel, que aumentam a dilatação do estômago. É esse mecanismo um dos
fatores que favorecem a saciedade e, consequentemente, acarreta um menor
consumo de alimentos.
Além disso, o consumo regular de chia pode ser benéfico para evitar a formação
de gordura localizada, outra grande inimiga de quem luta contra os ponteiros da
balança. Um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition validou
uma pesquisa em que onze indivíduos saudáveis consumiram a semente por 12
semanas e obtiveram redução na glicemia após a refeição, ou seja, não houve
picos de insulina no sangue, sendo assim, a glicose foi liberada lentamente no
organismo. Tal processo evita que a gordura seja acumulada e, por consequência,
afasta o excesso de peso. Os participantes do estudo também relataram
diminuição do apetite até 120 minutos após o consumo da refeição,
diferentemente dos indivíduos que não consumiram a chia, mostrando assim seu
efeito no aumento da saciedade.
Previne e controla o diabetes: por conter fibras e aumentar o tempo de
liberação da glicose, a chia pode ser relacionada com a prevenção do diabetes
tipo 2. Funciona da seguinte forma: a digestão dos carboidratos começa na boca
e termina no intestino, onde partes maiores de carboidrato são transformadas
em tipos diferentes de açúcar (glicose, frutose, galactose) para serem
absorvidos. Quando consumida com fontes de carboidratos (frutas, massas,
pães), as fibras da chia têm como efeito a diminuição da velocidade com que o
carboidrato sai do estômago e chega ao intestino, para terminar de ser digerido
e absorvido, justamente por se transforarem em um gel. Dessa forma, a glicose
é liberada lentamente na corrente sanguínea, fazendo com que o hormônio
insulina, necessário para transportá-la até as células, também seja liberado em
pequenas doses. A vantagem de tudo isso é que com menos doses desse
hormônio circulando no organismo, evita-se assim uma condição chamada
resistência à insulina. O quadro ocorre quando é preciso uma quantidade maior do
composto para que a mesma quantidade de glicose seja armazenada, e em longo
prazo favorece o aparecimento do diabetes tipo 2.
Previne doenças cardiovasculares: o consumo regular de chia é capaz de evitar
doenças como infarto, derrame e hipertensão graças as suas grandes
quantidades de ômega 3. Esse ácido graxo reduz a formação de coágulos
sanguíneos e arritmias, além de diminuir o colesterol circulante no sangue. Além
disso, o ômega-3 ajuda na regulação da pressão dos vasos sanguíneos, uma vez
que aumenta a fluidez sanguínea, evitando assim, o aumento da pressão arterial.
Regula o colesterol: de toda gordura que compõe a chia, aproximadamente 77%
são formados por ácidos graxos ômega 3 e ômega 6. Essas gorduras têm como
uma de suas principais propriedades reduzir o colesterol ruim (LDL) e aumentar
o colesterol bom (HDL), além de baixar os triglicérides na corrente sanguínea.
Além disso, as fibras da semente também têm efeito benéfico na diminuição da
concentração dos lipídios no sangue, que é o caso do colesterol.
Efeito desintoxicante: os antioxidantes, como o ácido cafeico, de sua
composição, são responsáveis por auxiliar na desintoxicação do fígado, além de
impedir a formação de radicais livres que agem destruindo as membranas
celulares e desencadeando o processo de envelhecimento.
Fonte de cálcio: por ter bastante cálcio, a chia é uma alternativa para indivíduos
que têm intolerância à lactose, necessitando de fontes alternativas desse
mineral. Porém, alimentos como tofu e gergelim contêm maiores quantidades de
cálcio, e vale consumi-los também.
Protege o cérebro: ela também pode favorecer as ligações cognitivas no
cérebro. Muitos estudos relacionam os ácidos linoleico e alfa-linolênico
presentes na semente com a formação das membranas celulares, as funções
cerebrais e a transmissão de impulsos nervosos.
Pele e cabelos mais bonitos: em sua composição nutricional, a chia também
apresenta vitamina A, nutriente que age como antioxidante contra os radicais
livres e também auxilia na redução da acne e prevenção do ressecamento da
pele. A semente também leva vitamina B2, importante na saúde da pele, unhas e
cabelos.
Efeito anticelulite: já se sabe que a chia contém quantidades significativas de
ômega 3 e muitos estudos têm relacionado o consumo desse ácido graxo com a
diminuição da inflamação, o que seria interessante para diminuir e evitar celulite,
um processo inflamatório do organismo.
Fortalece a imunidade: por conter minerais como o selênio e zinco, que auxiliam
o sistema imunológico, a chia é importante para reforçar as defesas, afastando
de perto doenças como gripes, resfriados e processos infecciosos. Além disso,
por ter nutrientes como fósforo, manganês, cálcio, potássio e sódio, a semente é
indispensável para a manutenção da integridade e saúde das células.
Boa fonte de ferro: o mineral, presente em grande quantidade na chia, é muito
bem absorvido nesse alimento. Ele é o principal nutriente na formação dos
glóbulos vermelhos, que transportam o oxigênio pelo nosso corpo. A redução
desses glóbulos e da oxigenação levam à anemia, fadiga e cansaço, aumenta os
riscos de infecções e também se relaciona a uma queda na imunidade.
Os especialistas dizem que não há uma quantidade diária estabelecida para o
consumo da chia. No entanto, estudos conduzidos em humanos que obtiveram
resultados positivos utilizaram 25 g da semente, aproximadamente duas
colheres de sopa, uma vez ao dia. Cabe salientar que alguns usaram mais. Mas
como ela é calórica, o mais recomendado é manter os 25 g diários.
Ela pode ser consumida crua, triturada ou em forma de gel ou na forma de óleo.
A semente mantém suas propriedades em todas estas formas de consumo. Veja
como usá-la:
Em forma de gel: deixe uma colher de sopa da semente de molho em 60 ml de
água durante aproximadamente 30 minutos. O ideal é consumir o gel assim que
ele estiver formado, não sendo recomendado guardar a mistura para comer
depois. Depois que a goma é formada, você pode consumi-la na forma pura sem
acompanhamentos (ainda que seja pouco comum) ou usá-la no preparo de mingau,
sopas, batida em sucos ou em receitas de bolo e até adicionando à molhos de
massas, por exemplo.
Substitua os ovos das receitas: o gel formado pela chia pode ser um ótimo
substituto do ovo em receitas. Misturando uma colher de sopa da farinha de chia
com 60 ml de água, você obtém uma quantidade de gel suficiente para substituir
um ovo em qualquer preparação.
Semente seca: em vez de produzir o gel, você pode fazer diferente e adicionar
a semente a líquidos como sucos, iogurtes e vitaminas. Uma sugestão é comer a
porção no lanche entre as refeições, pois um pote de iogurte desnatado (160 ml)
com uma colher de sopa de chia contém apenas 70 calorias.
Óleo da chia: ele pode ser usado para temperar saladas ou para regar a
refeição quando já estiver no prato. O aquecimento do óleo de chia não é
recomendado, pois o ômega 3 é facilmente oxidado com o calor, perdendo assim
suas propriedades.
Na forma de farinha: a farinha pode ser misturada a frutas, sopas, mingaus e
sucos de forma mais prática. Esta versão também pode substituir a farinha de
trigo no preparo de receitas de pães e bolos. Outra boa pedida é comprar o
grão, liquidificar, acondicionar a farinha em um pote e armazenar em geladeira
para depois consumir junto da salada.
Chia sozinha ou com outros grãos? Normalmente as pessoas misturam grãos
fontes de nutrientes diferentes, para atingir um benefício específico, nem
sempre promovido por todos os grãos do mix. Com benefícios à saúde próximos
ao da chia, temos a linhaça, o gergelim e o girassol. Mas não é recomendado
consumir uma porção de cada uma deles por dia, devido à alta quantidade de
calorias que essas sementes possuem. Sendo assim, uma solução pode ser fazer
um mix destes grãos e consumir até 25g do mix ao dia.
Não há contraindicação ao consumo da chia, porém suplementos devem ser
utilizados somente com prescrição médica ou nutricional.
A chia é um carboidrato, apesar de conter fibras, em excesso, pode levar ao
aumento de peso, constipação intestinal (principalmente se o indivíduo não tomar
quantidade suficiente de água) e pode levar a desconfortos gástricos uma vez
que retarda a saída dos alimentos do estômago.
O consumo excessivo de fibras pode interferir negativamente na absorção de
minerais como cálcio e zinco.